As garrafas de água sem BPA podem conter outro produto químico nocivo

Por Clare Wilson

seis garrafas de água mostradas de cima

O que está no plástico?

ULTRA.F/Getty

Falar sobre consequências não intencionais. Um composto chamado BPA está sendo retirado das embalagens plásticas devido ao medo de que possa perturbar as nossas hormonas – mas um substituto para ele pode ser igualmente prejudicial.

BPA, ou bisfenol A, é muitas vezes encontrado em garrafas de água descartáveis e em garrafas e copos de leite para bebés. Pequenas quantidades podem dissolver-se nos alimentos e bebidas dentro destes recipientes.

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Esta é uma preocupação porque uma série de estudos tem mostrado que o BPA pode imitar as acções dos estrogénios, ligando-se ao mesmo receptor no corpo. O estrogénio está normalmente envolvido no desenvolvimento dos seios, regulando os períodos e mantendo a gravidezes. Animais expostos a BPA desenvolvem sistemas reprodutivos anormais, mas não está claro se as pessoas estão expostas a doses suficientemente altas para serem afectadas.

Devido à pressão pública – e proibições em alguns países – muitos fabricantes começaram a substituir a BPA. Um substituto, o fluorene-9-bisfenol, ou BHPF, já é amplamente utilizado em diversos materiais.

Mas Jianying Hu da Universidade de Pequim e sua equipe descobriram que a BHPF também se liga aos receptores de estrogênio do corpo. Ao contrário da BPA, ela faz isso sem estimulá-los, ao invés de bloquear sua atividade normal. Em testes em ratos fêmeas, a BHPF fez com que os animais tivessem úteros e filhotes menores do que os controles, e em alguns casos abortos.

Se a BHPF se liga ao mesmo receptor em humanos, ela tem o potencial de causar problemas de fertilidade. “Isso é muito assustador”, diz Frederick vom Saal da Universidade do Missouri.

Detectado em sangue

Como os recipientes de alimentos e bebidas não costumam revelar informações detalhadas sobre o que são feitos, a equipe de Hu testou uma variedade de garrafas plásticas rotuladas como “sem BPA” para ver se elas liberavam BHPF em água quente armazenada no interior, já que o calor estimula a dissolução desses compostos.

Eles descobriram que o composto foi liberado em 23 dos 52 itens testados, incluindo as três garrafas de bebês que examinaram.

Quando tiraram amostras de sangue de 100 estudantes universitários que bebiam regularmente água de garrafas plásticas, a equipe de Hu detectou níveis baixos de BHPF em sete pessoas.

Não se sabe se o composto veio de sua água potável – já que há muitos materiais contendo BHPF no ambiente – nem se isso seria alto o suficiente para causar danos. Mas Vom Saal diz que mesmo níveis baixos poderiam em teoria perturbar os nossos sistemas hormonais.

Vom Saal diz que tenta usar o plástico o menos possível, e evita colocar recipientes de plástico no microondas ou na máquina de lavar louça, pois eles se degradam sob o calor.

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